terça-feira, 25 de agosto de 2015

10 dicas para lidar com os ciúmes entre os irmãos

Quem aqui viu o filme Divertidamente e não se identificou com as 5 emoções tão bem representadas? Raíva, Alegria, Tristeza, Nojo, Medo... Eu gostei tanto que indiquei para os meus pacientes adultos.

Só tenho como crítica o fato deles não terem representado uma outra emoção constitutiva do ser humano: o Ciúmes.
 
Antes de tudo é importante que tenhamos na cabeça que o Ciúme é absolutamente normal e esperado. Nada mais é que o medo de perder o amor e a exclusividade dos pais. Essa rivalidade e competição tem também a sua importância pois prepara os pequeno para o mundo lá fora, então nada de desespero!
 
Freud, parafraseando Shakeaspeare, chamava o cíumes de "monstro de olhos verdes". Esse "monstro" aparece frequentemente nas casas onde habitam irmãos, na forma de brigas, discussões, desentendimentos, na dificuldade de expressão do primogênito que pode inclusive voltar a fazer xixi na cama com a chegada do novo bebê ou até no comportamento hostil do irmão menor querendo ter as habilidades do irmão maior.

Mas pode ser identificado e ficar um pouco menos assustador. Segue algumas dicas para domar o "monstro":
 
 
1) Escute seus filhos: Costumo dizer aos pais que deixem as crianças falar, nomear o que estão sentindo. Dizer que é normal e que existe um espaço na família para falar sobre as emoções tanto positivas quanto "negativas" isso costuma tranquilizar os pequenos: a garantia desse espaço de se expressar. A sensibilidade dos pais conta demais nesse processo, é uma das principais ferramentas.
 
2) Garanta a invidualidade: reassegurar a individualidade de cada criança. Se um gosta de natação e o outro não,  não faz muito sentido
colocá-los na mesma aula.
 
3) Evite a comparação. Isso só estimula a hostilidade.
 
4) No caso da criança mais velha estar com ciúmes da mais nova: contar histórias de quando ele ainda era um bebê, como ele falava errado, mostrar fotos dele pequeno (eles adoram se ver bebês, geralmente). E contar o quanto é bacana para a mamãe e papai terem um filho mais velho, que já pode fazer coisas daquela faixa etária (exemplo: já sabe desenhar, contar histórias, que já saiu da fralda, que pode ver um programa x que antes não podia, ajudar a fazer a lista de compras por exemplo). Dizer que a chegada do bebê é geralmente um período turbulento, que demanda muita atenção, que vocês entendem que o choro pode irritá-lo, mas que aos poucos o bebê tenderá a chorar menos e precisar menos da mamãe tão amada. E que apesar de não parecer muito justo nesse primeiro momento, a mamãe vai continuar fazendo alguma coisa que ele gosta muito, mesmo que seja num tempo menor, aí depende do gosto do mais velho, aqui na minha casa, a demanda era a construção de uma pista de Hot Wheels.
 
5) Agora no caso da criança mais nova ter ciúmes da mais velha: ressaltar que o irmão naquela idade também não sabia fazer o que ele
está pretendendo, e validar o que o mais novo já consegue. 
 
6) É importante assegurar alguns momentos individuais com cada um. Por exemplo um passeio só com um, Papai e Mamãe se dividirem e alternarem em programas diferentes.
 
7) Mostre que a relação de irmãos amadurecem: as crianças costumam escutar atentamente para histórias que os pais contam sobre seus próprios irmãos. Relatar como era no passado e como é hoje, ajuda a criança a entender que essa relação que hoje pode parecer pouco interessante, poderá no futuro se tornar um elo de ligação de suporte, amizade e afeto. Cabe aos pais contar e mostrar a importância dos seus próprios irmãos na vida deles.

8) Ciúme é esperado: é interessante observar também que a harmonia total das crianças, sem nenhum atrito não é natural. Se a criança estiver muito silenciosa e pacata e dificilmente apresentar a rivalidade, ou impaciência ela  pode estar precisando de ajuda para se comunicar... Converse pergunte o que sente, apresente materiais que favoreçam o exercício da agressividade como argila, massinha, saco de boxe ou a expressão, como desenhos e livros.
 
9) As crianças aprendem com os exemplos - história mais do que sabida. Ao contar os seus próprios sentimentos de quando era criança, cria-se um elo que aproxima e humaniza, auxiliando-os a enxergar seus sentimentos hoje.
 
10) É natural sentir mais afinidade com um filho, isso não significa que você goste mais dele. Se você souber disso e não sentir culpada, é um grande passo, pois eles sentem isso e vão cobrar a mesma atenção dispensada...Nessas horas a metáfora dos dedos das mãos é algo que gosto muito, é mais ou menos assim: Temos 5 dedos na mão, eles são todos importantes e diferentes em tamanhos e funções, mas fazem parte de você! Enxergar que cada um ocupa um lugar. Que você só é completa com cada um em seu lugar é uma coisa que você faz sem perceber e nem notar...seus dedinhos são únicos...assim como o papel de cada um na família!
 
E se mesmo depois dessas dicas o "monstro" continuar imperando na sua casa, é importante reconhecer nossas próprias limitações e buscar ajuda. É um ato de amor e cuidado para seus pequenos!

Um pouco da minha história Psi...

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Profissional com mais de 14 anos de experiência clínica. Especialista em Saúde Mental pela UNIFESP. Cursa o 3 ano no curso: Formação em Psicanálise no Instituto Sedes Sapientiae. Convencida de que para exercer a psicanálise o tripé: Análise pessoal, supervisão e conhecimento teórico, tem que acontecer!